Numa era em que a produção massa é responsável por grande parte do que é produzido, é impossível que alguém tenha uma peça realmente exclusiva. Até as bolsas caríssimas que antes eram sinônimo de exclusividade, hoje são produzidas em massa e você encontra "muita gente" usando a "sua" Chanel. Mas e aí? Como lidar com isso? O assunto é complexo até porque vivemos uma época que por mais padronizadas em que as pessoas estejam, elas sempre buscam por sua individualidade e exclusividade. Mesmo isso não fazendo o menor sentido.
Nessa busca agora ser 'exclusivo' e possuir a peça que ninguém tem, a customização ganha cada vez mais espaço. Até mesmo em bolsas de luxo. Cara Delevingne e Sarah Jessica Parkers são duas celebs que possuem suas Fendis customizadas.
Mas, uma coisa é você pegar aquela bolsa da 25 de março de R$ 15, colocar uns Spikes, jogar uma tinta e dar a sua cara à bolsa. Outra coisa é você pegar sua Louis Vuitton de R$ 15 mil ou herança de família e fazer a mesma coisa. Ou será que é a mesma coisa?
De qualquer jeito, não só as bolsas que são customizadas. Calças, blusas, shorts ganham nova cara a fim de criar a personalidade e traduzir o sentimento de quem está vestindo. Ou até mesmo para reciclar uma peça que está abandonada no fundo armário em algo pronto para sair por aí.
O fato é: esses dias estava navegando pela internet e vi que a "nova tendência" é a customização das "it-bags" e de que celebridades estão gastando milhões para deixar suas Birkins, Louis Vuittons, Fendis e Chanels ainda mais exclusivas. Mas e como isso se aplica a nós, meros mortais? Não compramos it-bags na mesma proporção em que compramos água. Aliás, a maioria nunca nem sequer teve - ou vai ter - uma. E se tivermos? Vale a pena investir R$ 15 mil numa bolsa e enchê-la de Spikes e aplicações só para ser diferente? Afinal, se quiséssemos MESMO ser diferente, por que compramos essa bolsa?
Como sempre, o buraco é mais embaixo. E não cabe à nós julgarmos o que cada um faz com o que dinheiro que tem. Mas acho que sempre vale a pena a reflexão de porque estamos buscando customizar nossas peças. Aliás, a customização é sempre a melhor opção? Não vamos ser hipócritas também, pois eu conto nos dedos a quantidade de customização REALMENTE boa que eu já vi por aí.
Não estou julgando quem gosta de customizar suas coisas. Aliás, até invejo quem SABE mesmo fazer isso porque eu não levo o menor jeito pro negócio. Mas só gostaria de deixar o questionamento: o que te motiva (motiva sua amiga, sua vizinha, as celebridades...) a buscar por uma bolsa exclusiva quando estamos inseridas em uma sociedade em que todo o resto é padrão? Ter uma Birkin com a Monalisa pintada e possuir as mesmas ideias, (pré)conceitos e vontades da grande maioria da população faz de você diferente? Ou será que você só está querendo ser diferente na área que menos importa: a que os outros vão ver e te invejar por só você ter determinada peça. É...