Sou meio mal humorada e difícil de agradar quando o assunto é livro. Não que eu não goste de uma porcaria, eu adoro livros ‘rasos’ para passar o tempo e não ter que me preocupar com muita coisa. Mas ao menos a ‘porcaria’ tem que ser bem escrita e com uma história envolvente ou não conseguirá me conquistar.
Logo que “A Culpa é das Estrelas” fez o boom e todo mundo começou a comentar o livro e falar que era uma história de amor linda etc. etc. etc., confesso que já fiquei com o pé atrás. É muito difícil eu encontrar um livro de história de amor que realmente valha a pena e me encante. Mas estava no Brasil de férias, o livro estava lá, tinha poucas páginas e resolvi dar uma chance. Não gosto de reclamar de obras sem nem conhecê-las.
Terminei o livro em menos de um dia e era basicamente o que eu esperava: uma história de amor vazia, superficial com frases de efeito para fazer adolescentes suspirarem.
O livro não é ruim. Se comparado a Crepúsculo, é praticamente uma obra-prima. A Hazel não é uma louca igual à Bella e nem o Gus é um retardado-machista-perseguidor igual ao Edward. E isso para mim conta muitos e muitos pontos positivos.
Mas infelizmente, John Green encheu as páginas de clichês e frases prontas, deixando o conteúdo extremamente superficial. Em quase 300 páginas é impossível se apaixonar pelos personagens. E o câncer como pano de fundo da história deixa tudo com um quê de dramatização desnecessária, apenas para manipular emoções de uma maneira não natural.
Como se tudo isso ainda não fosse suficiente, Hazel e Gus são extremamente maduros para 16 e 17 anos. John Green parece ter esquecido que são adolescentes e criado dois personagens adultos. E não adianta falar que é amadurecimento por causa da doença, porque não é. Uma adolescente que saiu da escola há mais de três anos, não convive constantemente com outras pessoas, não é filosófica o suficiente para saber o que é niilismo e ponto.
Quando escrevi sobre Crepúsculo, há quase cinco anos, recomendei fortemente que ninguém se aventurasse pelas páginas daquela porcaria. Com “A Culpa das Estrelas”, não acho isso necessário. A leitura é válida e Green merece pontos por não criar um livro machista. Mas é impossível ignorar os clichês em excesso e as frases de efeito que, ao contrário da intenção de despertar profundidade, acabou por matar as páginas do livro.