07 março 2012

50% dos brasileiros são obesos



O número de adolescentes obesos vem aumentando, conforme aponta uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). O estudo demonstrou que a prevalência brasileira está quase se igualando a dos EUA, onde 15% dos adolescentes podem ser considerados obesos.
Foram analisados 260 meninos e meninas, entre 10 e 19 anos, dos quais 11,7% estão com o peso acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), já entrando na faixa da obesidade. O estudo feito pelo Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária da UERJ aponta que 14,6% dos meninos e 8,7% das meninas estão acima do peso.
A obesidade é hoje uma epidemia que atinge quase 50% dos brasileiros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E, traz com ela, diversos problemas secundários, como diabetes, colesterol, enfraquecimento dos ossos, principalmente dos joelhos e, até mesmo, câncer.
O novo estilo de vida dos adolescentes pode ser apontado como a principal causa para o aumento crescente dos casos de obesidade. Uma alimentação repleta de lanches, doces e massas, vida sedentária, livre de exercícios físicos e passar horas na frente do computador, videogame e televisão são apenas alguns pontos da nova rotina dos jovens. Especialistas afirmam que passar duas horas em frente à televisão, por dia, aumenta em 23% as chances de ganho de peso.
A endocrinologista Paula Andréa Del Faveri acredita que a solução para a obesidade não é só a conscientização da família, do adolescente e da sociedade, mas também uma mudança dos hábitos diários. “É mudar o estilo de vida. Aumentar a ingestão de legumes, frutas e verduras. Seria essencial também o retorno de atividade física”, explica a médica.
Embora haja um preconceito de que comida saudável não é saborosa e só o que é bom é o que faz mal, a nutricionista Luciene de Silos Araújo Mola, garante que tudo na passa de mito e, para convencer o adolescente a comer uma verdura, é questão de negociação. “Temos de fazer uma troca com ele. Começar a comer algumas coisas mais naturais e ver que ele melhora. E isso acontece, a mudança é notável”, afirma a nutricionista.
Muitas vezes, ao invés de buscar ajuda médica, como um endocrinologista que possa receitar remédios e como uma nutricionista para fazer uma reeducação alimentar, o adolescente obeso, na neura de perder peso, acaba recorrendo a automedicação. Cada medicamento é indicado para um tipo de pessoa e um tipo de obesidade e não deve ser ingerido sem acompanhamento médico.
Assim como a obesidade, transtornos alimentares como a anorexia e a bulimia nervosa preocupam os médicos. As taxas de prevalência das duas doenças variam entre 0,5% e 1%, respectivamente e, a anorexia é o transtorno psiquiátrico que apresenta a maior taxa de mortalidade.
A paciente anoréxica possui uma auto-imagem distorcida, ou seja, quando se olha no espelho não vê a realidade e sim, uma versão obesa de um corpo que é apenas pele e osso. Enquanto a anoréxica não come absolutamente nada para alcançar o peso desejado, a bulímica possui uma compulsão alimentar. Depois da alimentação em excesso, vem o sentimento de culpa, levando a pessoa a forçar o vomito ou fazer uso de laxantes.
Essas duas doenças acabam sendo resultado de uma ditadura da beleza que vivemos hoje. Para caber na roupa da moda e ser bonita, é preciso ser magra, Assim, a mídia e a indústria da moda nos bombardeiam diariamente com imagens de modelos magérrimas que acabam se tornando exemplo para muitas meninas.
O psiquiatra Marcos Vinicius Franco acredita que o padrão de beleza, principalmente para a mulher brasileira que possui um corpo diferente de outras nacionalidades, deve ser repensado. “Há padrões extremos que viram já um comprometimento da saúde física e da vida da pessoa. Nós temos que rever esse conceito do peso que é abaixo do peso ideal para a maioria das pessoas”, critica o psiquiatra. 
É importante a família ficar atenta com os hábitos alimentares de seus filhos, principalmente das meninas. Embora a anorexia e a bulimia nervosa aconteçam em homens também, o número de casos é bastante reduzido. Quando qualquer comportamento estranho for notado, é imprescindível a procura de um médico. “Não é necessário entrar em desespero, mas também não deve negligenciar a busca de um acompanhamento. Muitas vezes o problema não é o peso e sim outros transtornos bem mais graves”, alerta Franco.
Para o obeso, entre a comida e a imagem corporal, o importante é a comida, já o anoréxico opta pela estética.
A conscientização, tanto por parte da família, do adolescente quanto da sociedade é um dos caminhos para começarmos a solucionar a obesidade, anorexia e bulimia. Antes de tudo, a pessoa deve se amar para não cair em uma neura imposta pela mídia de que o corpo perfeito é apenas o que é transmitido ali. O corpo perfeito é, na realidade, o saudável e aquele que te faz sentir bem.



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